Minha irmã

Treze de março de dois mil e quinze. Sexta-feira. Dezessete horas. Nuvens de chuva no céu. E a cidade esperando o anoitecer. 
Talvez hoje tenha sido o ultimo dia em que vi os olhos vivos de minha irmã. Talvez hoje eu tenha visto o ultimo aceno de sua mão, dizendo adeus ... Seus olhos olharam minha saída do quarto do hospital como se quisessem reter no Espírito uma derradeira imagem minha ... Seu braço distendido em minha direção e sua mão em um movimento lento e carinhoso, como a insinuar: “Até mais ... até mais ...”. 
Caminhei devagar pelo longo corredor do hospital. Não sei como segurei minhas lágrimas. Sentí cheiro de remédios no ar. Fitei a luminosidade branca das lâmpadas sobre minha cabeça ... 
Como a Vida neste Mundo é frágil! Eu via a vida de minha irmã, na cama de lençóis alvos, esvaindo-se lentamente.
Os médicos da Terra já tinham anunciado: “Nada mais podia ser feito ... “. Agora, era aguardar a hora final ... A doença vencia ...
Retornei para minha terra a cento e vinte quilômetros de distância. Estrada longa. Noite comprida. Meu travesseiro acomodou minha cabeça transbordando  lembranças boas relacionadas com minha irmã ... As horas também  deitaram-se comigo no colchão macio. Adormecemos.
Catorze de março de dois mil e quinze. Sábado. Cinco horas da manhã. Acordei tenso. Teria eu sonhado com minha irmã? Eu não me lembrava. E, não consegui mais dormir. Espíritos familiares e amigos não me saiam da cabeça... Mentalmente orei e pedi a eles que levassem o amparo para minha irmã no hospital distante...
Minha amada esposa despertou também e de imediato contou-me seu “sonho”. Encontrara-se com minha irmã em uma região clara e ela estava com vestes brancas e mostrava-se alegre e rejuvenecida e saudável!  Minha esposa Zilá disse a ela: “Comadre (Anélia) você sarou!? Como você está bem!”. E minha irmã: “Sarei! Eu estou bem agora!...”.
Em torno das nove horas da manhã meu celular tocou. Veio a notícia. Anélia havia desencarnado.
Trouxeram seu corpo de Ribeirão Preto para Barretos, sua terra natal. Seria sepultada no Cemitério Municipal.
O dia transcorreu lento, arrastado, como um sonho estranho. Presença de conhecidos no velório. Lágrimas estancadas. Orações espíritas e católicas. A despedida ultima antes de fechar o ataúde ...
Depois, sob os últimos raios do Sol da tarde, o túmulo – onde já estão o avô Moteios, a mãe Anele e o pai Ignotas – recebeu o corpo material de Anelia.
Chuva de flores coloridas e perfumadas sobre a campa.
Silêncio e paz dentro da noite ... que espera por um novo, calmo e radiante amanhecer ...
Do livro: O Evangelho segundo o Espiritismo – de Allan Kardec:
“... Se não viveis mais pelo corpo, viveis da vida dos Espíritos, e essa vida é isenta das misérias que afligem a humanidade. 
A morte não é, entre os homens, senão uma separação material de alguns instantes. Do lugar de exílio, onde nos retém ainda a vontade de Deus, assim como os deveres que temos a cumprir neste mundo, nós vos seguiremos pelo pensamento até o momento em que nos será permitido nos reunirmos a vós, como estais reunida com aqueles que vos precederam.
Se não podemos ir perto de vós, podeis vir perto de nós. Vinde, pois, entre aqueles que vos amam e que amastes; sustentai-os nas provas da vida; velai sobre aqueles que vos são caros; protegei-os segundo o vosso poder, e abrandai seus pesares pelo pensamento de que estais mais feliz agora, e a consoladora certeza de estarem um dia reunidos a vós num mundo melhor”...

Texto: MINHA IRMÃ – Abril 2015
Texto de Alberto Kandra
Presidente do Grupo de Amigos Espíritas “Pão da Caridade” de Planura - Minas Gerais – Brasil
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Blog do “Pão da Caridade”: www.grupodacaridade.blogspot.com
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Programa MOMENTO ESPÍRITA
Rádio Vale FM de Colômbia – SP
Todos os domingos – 22,00 horas
Publicado no JORNAL VALE NOTÍCIAS – segunda página – Edição Quinzenal – Ano 5 – n.55 – de 07 de maio de 2015.  Um jornal integrante do Sistema Dim Borges de Comunicação -  Circulação do jornal em Colômbia/SP – Barretos/SP – Planura/MG – Pirajuba/MG – Frutal/MG – Campo Florido/MG – Veríssimo/MG – Conceição das Alagoas/MG – Comendador Gomes/MG – Uberaba/MG.