quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cientistas estudam cérebro de médiuns brasileiros em transe


Os cérebros de médiuns brasileiros mostraram transtornos de funcionamento durante sessões nas quais, em transe, escreviam mensagens supostamente ditadas por "espíritos", segundo um artigo divulgado nesta sexta-feira, 17, pela revista "Public Library of Sciences, PLOS One".
A pesquisa foi feita por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Thomas Jefferson, da Filadélfia, para determinar os fluxos de sangue em diferentes regiões do cérebro durante os transes.
Os pesquisadores estudaram o comportamento de dez médiuns que, segundo o artigo, tinham entre 15 e 47 anos de psicografia, realizando-a até 18 vezes por mês.
Todos eles, indicou o estudo, eram destros, gozavam de boa saúde mental, não usavam psicotrópicos e indicaram que eram capazes de alcançar seu estado de transe durante a tarefa psicográfica.
Os pesquisadores usaram tomografia computadorizada por emissão de fótons únicos para a observação das áreas ativas e inativas durante a prática.
"Se sabe que as experiências espirituais afetam a atividade cerebral. Mas a resposta cerebral à mediunidade recebe pouca atenção científica e, a partir de agora, devem ser feitos novos estudos", sustentou Andrew Newberg, diretor de pesquisa do Myrna Brind Center of Integrative Medicine, que colaborou neste trabalho com o psicólogo clínico Júlio Peres, do Instituto de Psicologia da USP.
Os cientistas observaram que os médiuns mais experientes mostravam durante a psicografia níveis mais baixos de atividade no hipocampo esquerdo (sistema límbico), no giro temporal superior e no giro pré-central direito no lóbulo frontal.
As áreas do lóbulo frontal estão ligadas ao raciocínio, ao planejamento, à geração de linguagem, aos movimentos e à solução de problemas, pelo que os pesquisadores acreditam que durante a psicografia ocorre uma ausência de percepção de si mesmo e de consciência.
Por outro lado, os médiuns com menos experiência mostraram o oposto: níveis maiores de atividade nas mesmas áreas durante a psicografia, o que parece indicar um maior esforço para realizá-la.
Fonte: http://atarde.uol.com.br/cienciaevida/materias/1467677-cientistas-estudam-cerebro-de-mediuns-brasileiros-em-transe
O artigo científico original pode ser lido gratuitamente acessando o seguinte link:
http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0049360

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Planura e o Teatro Espírita

Peça de teatro  encenada em outubro de 2012. Clique na imagem abaixo para ver o álbum de fotos com legendas!

PLANURA E O TEATRO ESPÍRITA - OUTUBRO 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Um pouco de ciência



Nature Reviews Neuroscience dedica capa de setembro às pesquisas do Instituto de Ciências Biomédicas, da USP, feitas com apoio da FAPESP. Cientistas mostraram que o processamento neural de tipos distintos de medo percorre caminhos diferentes no cérebro
Estudos da USP sobre vias neurais do medo ganham destaque internacional
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – Estudos realizados nos últimos anos por pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos mostraram que, ao contrário do que se pensava anteriormente, tipos distintos de medo – como o medo de estímulos dolorosos, o medo de predadores naturais e o medo de membros agressivos da mesma espécie – são processados em circuitos neurais independentes entre si.
Além de distinguir as vias neurais de processamento dos “medos instintivos” e de diferentes tipos de “medos aprendidos” –, os pesquisadores também descobriram que esses mecanismos podem se reproduzir também em seres humanos. Com isso, os estudos poderão contribuir para uma melhor compreensão sobre problemas como síndrome do pânico e estresse pós-traumático.
As pesquisas, coordenadas por Newton Canteras, do Laboratório de Neuroanatomia Funcional do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) – realizadas com apoio do Projeto Temático “Bases neurais dos comportamentos motivados”, da FAPESP, foram capa da revista Nature Reviews Neuroscience de setembro.
Segundo Canteras, os estudos realizados em ratos no ICB-USP se basearam na indução nos animais de estímulos de “medos instintivos”, que se caracterizam como um mecanismo de sobrevivência, e de “medos aprendidos”, que são culturais e adquiridos ao longo da vida.
“Um dos pontos importantes destacados no artigo foi a descoberta de que, em roedores, o circuito relacionado ao medo causado por ameaça de um predador natural pode ser o mesmo circuito acionado em seres humanos quando eles enfrentam ameaças à própria vida. Esse achado poderá nos ajudar a entender situações como o estresse pós-traumático”, disse Canteras à Agência FAPESP.
De acordo com Canteras, quando o tema começou a ser estudado por seu grupo, por volta de 1995, predominava na comunidade científica uma teoria unitária de organização das respostas de medo no sistema nervoso.
“Esse processo foi descoberto a partir de experimentos que associavam um estímulo doloroso – como um choque, por exemplo – e um som ou ambiente específico. Depois de ser submetido a essa associação várias vezes, o animal apresentava uma reação de medo ao ser exposto ao som ou ambiente, mesmo sem o estímulo doloroso. Achava-se que esse tipo de experimento era suficiente para explicar integralmente a reação de medo”, disse.
No entanto, quando começaram a estudar o sistema neural que está envolvido com uma situação natural de medo, os pesquisadores da USP perceberam que os mecanismos não eram tão simples quanto pareciam.
“Quando testamos a exposição do roedor a um gato, que é seu predador natural, descobrimos que a resposta de medo ativava uma região cerebral completamente diferente da que era ativada pelo medo de um simples estímulo doloroso. A partir daí passamos vários anos realizando estudos com foco na reprodução mais precisa de medos naturais”, afirmou Canteras.
Segundo o pesquisador, o animal é constituído de forma a ter uma reação de medo quando é exposto a algo que ameaça sua vida. Assim, as reações inatas de medo são divididas em duas categorias: a ameaça predatória – que é a presença de um predador – e a ameaça social, que é o medo de um animal agressivo da mesma espécie.
“O animal não aprende a ter esse tipo de medo, é uma reação inata. Descobrimos que não havia apenas distinção entre as vias neurais ativadas para a reação inata de medo e a reação de medo aprendido – que é o caso do estímulo doloroso –, mas o medo causado pelo predador e pela ameaça social também percorre caminhos diferentes no cérebro”, explicou.
Segundo Canteras, as descobertas foram consideradas importantes porque uma série de patologias humanas derivam do medo – como a ansiedade, a síndrome do pânico e o estresse pós-traumático.
“O fato de serem distintas as vias neurais do processamento do medo tem várias consequências. Um indivíduo que toma um choque não entra em pânico quando vê uma tomada posteriormente. Mas quem foi assaltado e sofreu ameaça de morte, acaba tendo uma reação de pânico ao ser submetido a um estímulo associado àquele evento”, declarou.
Entender o sistema neural usado em cada situação nos ajudará a entender como são organizadas as respostas de medo aprendido. “As vias neurais do medo aprendido é que estão relacionadas às patologias humanas”, disse.
De acordo com Canteras, em 2010 se descobriu que os estímulos em um núcleo do hipotálamo – que era importante para que os ratos manifestassem o medo do predador – utilizam um circuito que também existe nos seres humanos e que possivelmente pode ser acionado em uma situação de ameaça de vida.
“O sistema que no rato está envolvido com a detecção de ameaças à vida – como a presença de predadores – está presente também no homem. O fato de haver esse paralelismo nos dá uma perspectiva de desenvolver abordagens para entender como esses mecanismos se organizam no cérebro humano”, declarou.
O artigo The many paths to fear , de Newton Canteras e Cornelius Gross, pode ser lido por assinantes da Nature Reviews Neuroscience em http://www.nature.com/nrn 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012