Exercício regular, incluindo caminhar, reduz
significativamente a chance de que uma pessoa idosa frágil fique fisicamente
inválida, segundo um dos maiores e mais longos estudos deste tipo até o
momento.
Os resultados, publicados na terça-feira na revista
"Jama", reforçam a necessidade de atividade física frequente para
nossos pais idosos, avós e, é claro, nós mesmos.
Apesar de todo mundo saber que exercício é uma boa ideia,
independente da idade, as evidências científicas sobre seus benefícios para
velhos e enfermos eram surpreendentemente limitadas.
"Pela primeira vez, nós mostramos diretamente que
exercício pode efetivamente reduzir ou prevenir o desenvolvimento de invalidez
física em uma população de idosos extremamente vulneráveis", disse o dr.
Marco Pahor, diretor do Instituto de Envelhecimento da Universidade da Flórida,
em Gainesville, e principal autor do estudo.
Inúmeros estudos epidemiológicos se concentraram na forte
correlação entre atividade física na idade avançada e uma vida mais longa e
mais saudável. Mas esses estudos não provaram que o exercício melhora a saúde
dos idosos, apenas que idosos saudáveis se exercitam.
Outros experimentos em pequena escala, aleatórios,
estabeleceram de modo persuasivo um elo casual entre exercício e velhice com
saúde. Mas a amplitude desses experimentos costumava ser estreita, mostrando,
por exemplo, que idosos podem melhorar sua força muscular com musculação ou sua
capacidade de resistência com caminhadas.
Sedentários e doentes
Assim, para esse mais recente estudo chamado
"Intervenções no Estilo de Vida e Independência para Idosos" (ou
LIFE, na sigla em inglês), os cientistas de oito universidades e centros de
pesquisa por todo o país começaram a recrutar voluntários em 2010, usando um
conjunto incomum de critérios de seleção. Diferente de muitos estudos envolvendo
exercícios, que tendem a ser preenchidos por pessoas com saúde relativamente
robusta que podem se exercitar facilmente, os cientistas recrutaram voluntários
sedentários e enfermos, e à beira da fragilidade.
No final, eles recrutaram 1.635 homens e mulheres sedentários
com idades entre 70 e 89 anos que marcaram menos de nove em uma escala de 12
pontos de capacidade física, geralmente usado para avaliar idosos. Quase metade
marcou oito ou menos, mas todos eram capazes de caminhar por conta própria por
400 metros, o limite para os pesquisadores de ser fisicamente inválido.
Então os homens e mulheres foram distribuídos aleatoriamente
para um grupo de exercício e um de educação.
O grupo de exercício recebeu informação sobre
envelhecimento, mas também começou um programa de caminhada e musculação leve,
frequentando o centro de pesquisa duas vezes por semana para caminhadas em
grupo supervisionadas em uma pista, com as caminhadas se tornando
progressivamente mais longas. Também lhes foi pedido que completassem três ou
quatro sessões adicionais de exercício em casa, visando um total de 150 minutos
de caminhada e cerca de três sessões de 10 minutos de exercícios com pesos por
semana.
A cada seis meses, os pesquisadores checavam a capacidade
física de todos os voluntários, com atenção particular se ainda eram capazes de
caminhar 400 metros por conta própria.
O experimento prosseguiu em média por 2,6 anos, que é muito
mais longo que a maioria dos estudos de exercícios.
Ao final desse período, os voluntários de exercícios
apresentaram uma probabilidade 18% menor de ter experimentado algum episódio de
incapacidade física durante o experimento. Eles também apresentaram uma
probabilidade 28% menor de se tornarem inválidos de forma persistente ou
permanente, definido como sendo incapazes de caminhar aqueles 400 metros por
conta própria.
Mildred Johnston, 82 anos, uma funcionária de escritório
aposentada em Gainesville, que se apresentou como voluntária para o estudo
LIFE, mantém as caminhadas semanais com duas outras voluntárias que conheceu
durante o estudo.
"Exercitar-me mudou tudo o que eu achava que envelhecer
significava", ela disse. "Agora não se trata de quanta ajuda você
precisa de outras pessoas. Agora se trata mais do que posso fazer por conta
própria." Além disso, ela disse, fofocar durante as caminhadas em grupo
"realmente mantém você engajada na vida".
Tradutor: George El Khouri Andolfato, para o site UOL.
Notícia original publicada no jornal The New York Times.
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