segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Família e o Combate ao Egoísmo


Na questão 775 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta aos Espíritos: “Qual seria para a sociedade o resultado do afrouxamento dos laços de família?” Obtendo a seguinte resposta: “A recrudescência do egoísmo”. Ou seja, o egoísmo ficaria mais forte na criatura.
Essa resposta nos leva a ver uma direta relação entre viver as experiências da família e o combate ao egoísmo. A Providência nos oferece essa oportunidade de convivência para nos ajudar na vitória sobre esse grande obstáculo ao nosso progresso. Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, capítulo 11, item 11, Emmanuel ditou a mensagem “O egoísmo”. Vejamos o quanto o futuro guia espiritual de Chico Xavier foi afirmativo na principal causa das misérias humanas. Disse-nos: “O egoísmo é a chaga da Humanidade, é ele o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Que cada um, portanto, empregue todos os seus esforços para combatê-lo em si, certo que esse monstro devorador de todas as inteligências, filho do orgulho, é o causador de todas as misérias do mundo terreno.”

É bem lógica a compreensão de que a família exerce um papel fundamental nesse combate. Ao ficarmos adultos temos uma forma de pensar. Quando repartimos um teto com o cônjuge, somos dois, já se tornam
indispensáveis mudanças de atitudes de relacionamento, de modo a atender as necessidades do outro. Depois virão os filhos e mais tolerância será requerida de ambos.
Vai, portanto, o relacionamento familiar, ao estabelecer a necessidade de conviver, perdoar, ampliar o respeito recíproco, cumprindo esse papel, o de combate frontal ao egoísmo, atendendo, assim, a uma fundamental prioridade evolutiva. Nós aprendemos no Espiritismo que fora da caridade não há salvação.  Tantas vezes ouvimos isso e repetimos outras tantas. Pois Emmanuel diz que o egoísmo é a negação da caridade. Percebemos dessas duas afirmativas que não iremos muito longe carregando em nós essa chaga moral. Esse orientador espiritual disse ainda que “os Espíritos Superiores trabalham incessantemente nesse objetivo”, ou seja, o de combater, aqui na Terra, o egoísmo da criatura humana.

Podemos concluir que os Espíritos Superiores coordenam a formação da família antes do berço, porque sabem, muito bem, da força que os laços de família desenvolverão em cada membro, forçando-os nas lutas da vida em comum, pouco a pouco, a reprogramarem o seu modo de pensar a benefício da caridade recíproca.

Existe, então, um poder superior acompanhando a estrutura familiar, resultando tantas e tantas vezes no surgimento de verdadeiros milagres, inexplicáveis do ponto de vista da lógica materialista. A família pode ser colocada na posição de instituição divina,  pois  uma  força a serviço de Deus a influencia a todo momento.
O poder  da  família  torna-se  ainda maior e mais eficiente, visível mesmo aos nossos olhos, quando se estabelece uma ponte para Jesus entrar no lar. Falar  do  efeito  do  culto  do  lar  para o espírita  já  é  desnecessário,  talvez  seja mais produtivo acrescentar que, basta uma única pessoa orando e rogando a presença do Divino Amigo para  que  um  clarão de amor percorra toda a nossa casa.
Muitos de nós ficam tristes por não conseguir reunir a família, uma vez por semana, em torno de uma mesa para o culto do lar. Para esses, lembramos o que nos oferece os Atos dos Apóstolos, 16:31: “Crê
no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo,  tu e a tua casa.” (veja a lição 88 de “Vinha de Luz”, por Emmanuel). Portanto, não precisamos obrigar ninguém à tarefa de levar Jesus para dentro de nossa casa. Façamos
nós, presenteemos os nossos familiares com essa graça, e nossa casa será salva.
É entrar Jesus e as sombras batem em retirada. Todos  notarão  que  alguma  coisa está muito diferente. É o efeito ‘Jesus no lar’. Brigas, que antes aconteciam com frequência, começam a rarear. Gritarias, anteriormente constantes, desaparecem sem explicação. Uma blindagem ao ninho doméstico estabelece-se. O sorriso e a cortesia recíproca se tornam habituais.


É claro que os casais estão preocupados nas lutas que se travam pela sobrevivência e pela busca da felicidade, entretanto, o casal espírita saberá que essa é apenas a luta aparente, porque a verdadeira é de natureza espiritual, constituindo-se a vitória do matrimônio numa grande vitória da caridade sobre o egoísmo e o orgulho. O Espiritismo nos ajuda a tirar o foco de nossa atenção sobre nós próprios e colocar no
outro. Por isso, para o casamento, a Doutrina Espírita é uma bênção, porque ter atenção para com o outro é o que existe de melhor para revigorar e fortalecer uma união.
É bom ele olhar para a esposa e ver a mãe dos seus filhos, é bom ela olhar para o esposo e ver o pai de seus queridos. É bom para o filho saber que ele pode contar com ambos. Por se tratar de uma união estruturada no mundo espiritual, o casal espírita já pode compreender que chegarão ao seu lar, na condição de filhos, almas amigas e felizes pelo reencontro, mas poderão também vir almas necessitadas de muito apoio e atenção. Por isso existem no seio familiar essas situações que o olhar materialista não pode entender, essa alternância da felicidade para inquietação devido às possibilidades de ora se conviver com alguém de muita afinidade espiritual e ora com alguém com quem precisamos nos reconciliar.

Como a empreitada do casamento passa muitas vezes por altos e baixos, é sempre bom lembrar o que dizem os Espíritos sobre o assunto. Na questão 695, dizem: “O casamento é um progresso na marcha da
Humanidade.” Na questão 696, acrescentam: “Sem o casamento, haveria um retorno à vida animal.”
Vencer os conflitos domésticos pode ser penoso, mas depura cada um na essência do mal que precisam combater, o egoísmo. Por isso, há a necessidade de ambos lutarem por manter o casamento e não

medirem esforços pelo sucesso dessa empreitada. Os momentos de dificuldades vencidos, os sacrifícios em prol da alimentação e da educação dos filhos, as horas de vigília nas enfermidades, a educação moral e religiosa cultivada no preparo para a nova vida em sociedade, a preparação de um novo cidadão, de uma nova cidadã, são todos esforços de grandes méritos espirituais, que contarão sempre com a ajuda dos bons Espíritos.
Enquanto os laços de família estiverem fortalecidos nesse lar, enquanto o esforço pela união se mantiver vivo, enquanto as lutas diárias não forem abandonadas pelos caprichos fomentados pelo egoísmo, enquanto o apelo à Providência se fizer ouvir de qualquer dos cômodos, virá do Alto todo o auxílio necessário e o
essencial jamais faltará.








Texto de George Abreu de Sousa, no "Serviço Espírita de Informação" de Junho de 2011, um boletim do Lar Fabiano de Cristo, Rio de Janeiro - RJ.

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